Os Melhores Filmes por Ano - Anos 2000 - 2009
- Iury Salk Rezende
- 27 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Os melhores filmes do cinema mundial, por ano. São quatro ou mais filmes selecionados por ano, O melhor filme, melhor diretor, atriz e ator. Esta é a nona parte, com filmes da primeira década do século XXI. Havia menos medo em 2000. O divisor de águas foram os atentados de 11 de Setembro de 2001, quando terroristas islâmicos sequestraram aviões comerciais e se chocaram contra as Torres Gêmeas, em Nova York, e contra o Pentágono, na Virgínia. Com a queda das torres, transmitida ao vivo para uma humanidade em choque, caiu também um mundo. Veio a "guerra ao terror", que incluiu uma mal explicada invasão ao Iraque, vigilância onipresente, medidas de segurança que transformaram em violações graves à privacidade, desconfiança em relação aos muçulmanos, xenofobia, restrições à imigração e o que foi definido como um choque de civilizações, com o Ocidente de um lado e o Islã do outro. Em 2000, 248 milhões de pessoas tinham acesso à internet, o equivalente a 4% da população mundial. Conexões discadas, com modens ruidosos, tornavam a experiência um exercício de paciência. O número de usuários e a velocidade das conexões não pararam de crescer a partir dali. As tecnologias já vinham confluindo nos anos anteriores, mas o momento da virada foi em 2007, quando a Apple lançou o iPhone, o mais icônico dos smartphones. Negros, homossexuais e mulheres sempre sofreram preconceito e discriminação, mas em 2000 eles eram mais impotentes em relação a isso, e muitas vezes sofriam calados. O assédio às mulheres, na rua ou no ambiente de trabalho, por exemplo, não causava maior escândalo, e o discurso machista muitas vezes nem era percebido como tal. Os negros estavam segregados, em desvantagem para ascender na sociedade brasileira. Os gays preferiam se manter no armário, porque de outra forma não eram aceitos. Nenhuma dessas realidades foi resolvida, mas mesmo assim muita coisa mudou. Esses grupos ganharam voz, com ajuda das redes sociais, e reuniram força, amparados em leis e decisões judiciais. De forma inédita, um negro virou presidente dos Estados Unidos, e uma mulher, do Brasil. Houve um despertar da consciência e da militância, que mudou o discurso e os padrões do que é aceitável.Todo mundo já falava de aquecimento global, no ano 2000. Uma das mudanças mais alarmantes foi o derretimento das calotas polares, em velocidade muito mais veloz do que a prevista pelos modelos de mudança climática. É um mundo frágil e assustador este em que nasceu a geração 2000, uma geração especialmente sensível à questão do ambiente e da sustentabilidade. O cinema da década de 2000, contrariando as previsões dos críticos temerosos com a decadência do cinema, demonstra que muitos diretores continuam com a criatividade a mil. O musical Dancer in the Dark ganha prestígio no Festival de Cannes e pelos cinéfilos ao redor do mundo . Quentin Tarantino retoma parceria com Uma Thurman nos dois volumes de Kill Bill (Kill Bill Vol. 1 e Kill Bill Vol. 2). O gênero suspense ganhou fôlego de novo com o filme Caché, do diretor austríaco Michael Haneke, que reflete as condições sociais. As artes marciais também são tema frequente no cinema oriental, com Ang Lee faturando quatro Óscar com Crouching Tiger, Hidden Dragon. A década trouxe também uma explosão de filmes com efeitos especias computadorizados, como a trilogia de O Senhor dos Anéis (série de filmes) e os sucessos Homem-Aranha e X-Men. Ridley Scott retorna à Roma antiga para contar a saga de Gladiator. Wong Kar-Wai dirige o romance Fa Yeung Nin Wa. Spirited Away vence do Oscar de melhor animação. David Lynch dirige Mulholland Drive, hoje considerado o melhor filme do séc. XXI. Michael Haneke dirige La Pianiste. Martin Scorsese filma Gangs of New York, primeiro filme da parceria entre o diretor e Leonardo DiCaprio. Roman Polanski dirige o drama sobre a Segunda Guerra Mundial, The Pianist. Pedro Almodóvar dirige Hable con Ella. Clint Eastwood lança Mystic River, que faz sucesso em torno de tema polêmico, a pedofilia. A terceira parte da trilogia The Lord of The Rings, The Lord of the Rings: The Return of the King (O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei), ganha onze Óscar e se torna o segundo filme a passar a marca de 1 bilhão de dólares. Woody Allen dirige Match Point, com Scarlett Johansson. Guillermo del Toro lança O Labirinto do Fauno, que lhe rendeu 3 prêmios das 6 indicações. David Fincher lança Zodíaco.Tim Burton dirige o musical Sweeney Todd. Os Irmãos Coen dirigem o filme vencedor de diversos Oscar No Country for Old Men. Lars von Trier traz o polêmico Anticristo, um dos filmes da história do cinema que mais divide opinião. Quentin Tarantino dirige Inglourious Basterds, que na minha opinião é o melhor filme deste diretor e o melhor da década. Enfim, foi uma década que o cinema soube apresentar as inquietações, o medo, as mudanças de comportamento, o fortalecimento do cinema independente e do cinema autoral no mundo e países periféricos. Até a próxima década e última parte dos melhores filmes por ano.
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